nas tribos da cidade '

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19/11/2008

Relato 9



Eu ,
nascida e criada
na terra de Severinos
de tudo igual nesta vida de
cabeca grande equilibrada nas
canelas finas, igual em tudo na vida e na sina e na morte .
De morte matada antes dos 30
e de velhice depois dos 30.
Filha de Maria igual
a muitas Marias.
Nesta vida, a
lutar pela
vida
e esta
e a sina .
Severina .

Ca estou . Uma Severina nao mais Severina – porem igual em tudo nesta vida. E nesta deserinividade Severina – eu inventei esta palavra o Graciliano Ramos inventada eu tbem invento – segue se a linha . Fiquei com inveja literaria.
Descobri que eu nao dou pra fama . Tenho saudades de quando era Severina com cara de Maria.
Aqui por mais que eu nao queira eu xamo atencao . Aqui eu sou diferente , entao sempre quando sai na rua a ladainha e a mesma. Helouuuuuuuu !!! hou ari iuuuuuuuuu !!!Helouuuuuuuu !!! hou ari iuuuuuuuuu !!!!! Helouuuuuuuu !!! hou ari iuuuuuuuuu !!!!!
Aqui e assim … com estrangeiro se fala ingles . Sempre ! toda hora! no Mercado , na rua , na praia , no pura , no restaurante no quintal de casa. Af! Que cansera! Na terceira semana eu azedei! Nao aguentava mais a cantiga de grilo na cabeca : Helouuuuuuuu !!! hou ari iuuuuuuuuu !!!!! me esforcei pra nao transparecer , porem nao respondo mais , so as criancas. E muita euforia em minha volta eu fico aguniada na universidade que estudo por onde passo todos ficam olhando e aqui em Bali eles nao andam so , sempre estaum em grupos. Ai e pior o helo e hou ari iu ganha forca , ai pronto! Tem aqueles que ficam : Kiss me , kiss me . Af! Na boa – que vontade de dar uma bifa!
Ate quando estou de jogui ! Eu ando devagar , entao eles me acompanham e querem conversar. Ai! Axa que eu do conta de guiar a moto e bater papo em ingles! Eu nem olho , eu nao consigo. Sei que , sei la , axo que nao e por mal . Mas eu nao gosto da fama ! que coisa chata! Agora entendo quando os artistas azedam e nem tauzinho dam.
Quando vou pedir informacao , todo mundo vem e rodeias a jogue e perguntam meu nome , da onde sou , pra onde vou o que to fazendo aqui aonde eu moro , quanto pago de aluguel da casa da moto.
Aqui e assim ! o pessoal pergunta mesmo! Quem nao gosta de dar satisfacao , aqui em Bali vive nos nervos. Os estudantes daqui sempre reclamam . Eles dizem que o povo e muito curioso. Uma estudante me disse que a vizinha abria a sacola dela pra ver o que ela tinha comprado.
A minha vizinha tbem e assim , faz 1 mes que ela esta me dando aula de bahasa , ela e professora ( aposentada) de criancas , leciona em casa. As minhas aulas sao todo domingo as 8 da noite.
Desde quando xeguei no quintal eu passo por eles … pronto : Mau ke mana? ( aonde vc vai) sempre! Sempre! Na real eu tbem comecei a ficar nos nervos , pq e demais pra minha educacao cultural. Ai eu me coloquei na cadeira do pensamento e tentei me convenser com aquela utopia de historiador , sociologo e antroplogo. Estrangeiro em terras estranhas nao tem que estranhar nada.
E xegei a conclusao que , partindo do principio de que os balineses formam uma sociedade que vivem no coletivo . E natural a eles saberem os que as pessoas estaum fazendo . E protecao , pois sou estrangueira e to morando no quintal deles eles precisam saber quem eu sou. E outra quanto mais uma gente vive unida mais satisfacao se da. Pensei tbem no fato de quando aprendemos uma lingua uma das primeiras coisas que aprendemos e fazer pergunta.
Agora eu passo por eles e ja falo : Saya pergi ke sakolah ( estou indo estudar) .
Eles ficam contente da vida . O que eu mais sei em bahasa e pergunta da vida dos outros.
E assim se passa os dias…
Uma Severina.

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